domingo, 21 de dezembro de 2008

6º episódio


Veja desde o 1º episódio :D http://projetovermelhosangue.blogspot.com/2008/12/1-episdio.html

"consequência"

Vermelho sangue. Chego perto daquele pedaço de carne caído. Era a OGRA. Ou melhor, ogra. Eu fito os olhos dela. Podia ver o prazer no brilho da expressão de Luna. “Pronto amor. Pagamos o preço da tranqüilidade.” A mendiga sai de seu esconderijo. “ Luna, fiz o que você pediu, ela foi violentada assim como combinamos”. Percebo sangue na região genitália. Fugiu do controle.

Naquela hora, percebi o monstro que me acompanhava. Monstro. Monstro. Monstro que eu amo. Raciocino melhor. Ela matou a ogra por mim. Ela me ama. Alguém finalmente me ama. Olho para o corpo. Olho pra mendiga com receio explícito. Ela acena com simplicidade. Abre uma portinhola. A ogra faz um barulho de pacote de bolacha ao cair lá embaixo. “Os ratos de esgoto cuidarão bem dela HAHA”. No chão, assustadoramente, uma chave de fenda. Penso ter visto um vulto, mas logo percebo ter sido uma ilusão.

Levo Luna em seu apartamento. Vou pro meu. O sono não vem. A ogra e o brilho de seu sangue impregnaram a minha mente. Ele me lembra a cor do vestido preferido de mamãe. Despertador. Quinto dia de aula. Ritual matinal. Dentes. Cabelo. Roupa.

Escola. Sexta-feira. Houve boatos. Espalharam que existia um assassino de casais. Outros disseram que um psicopata rondava a região. Até que uma coisa chega aos meus ouvidos. “Eu acho que vi sangue no beco ali perto, acho que vou avisar a polícia”. Era o Vitor, o palhaço que jogava meu suco no chão.

Apesar do choque, funcionou. De novo, o luto fingido me poupou de tristezas triviais. Isso se tornou aceitável. Minha opinião sobre homicídio mudou. Intervalo. Tradição. Comendo juntos. Quase nenhuma conversa.

Na volta da escola, Roberta se aproxima com seu odor horrível. “Quero meus 500 conto”. “Não tenho tudo isso moça, desculpe”. “Então o puliça vai ficar sabendo”. A autoconfiança acumulada nesses 5 dias, resultou numa resposta. “Você não pode me atingir, eu sou melhor que você”. Viro e vou pra casa.

Em casa, encontro meu pai. Acabado de tanto trabalhar. Ele tem sido bom pra mim, apesar dos sermões sobre exercícios, Minha gordura o incomoda. Posso ver nos olhos dele, a tristeza que aquele assalto deixou. Ele perdeu um filho e a mulher, mesmo assim cuida de mim. “Filho, como foi na escola?”. “Foi bom pai, os meninos chatos me deixaram em paz. Os ogros tontos estão desaparecidos.” “Hmmm. O porteiro disse que uma menina veio aqui ontem..”. “Sim papai, minha namorada, vou dormir um pouco agora, estou cansado”.

15h. Batidas na porta me acordam. “Filho, um policial está aqui. Quer falar com você”. “Amir, recebemos uma denúncia de que você estaria envolvido no desaparecimento da Lorena. Você sabe algo sobre isso?” Meu coração dispara. Eu travo. Minha invencibilidade falhou. Roberta dedou. As aulas estão de volta.


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