domingo, 21 de dezembro de 2008

2º episódio

"Xeque.. Mate?"

Jabba assassino. Milhões de possibilidades brotaram em minha mente. Cadeia. Polícia. Prisão. Desespero. Insegurança.

“EI, VOCÊ AI!”. Meu corpo trava. Não consigo virar e responder. “Que porra é essa no meu pedaço?”. O cheiro de cachaça e carniça não me é estranho. É ela, a mendiga. “Responde logo gordinho viado!”. “Que sangue é esse? Você matou esse cara?”. Corre. Enquanto corro, limpo a mão na blusa, jogo a blusa no lixo.

Prédio. O porteiro dormindo não percebe minha palidez e minha aflição. Elevador. Décimo andar. Minha mão treme, a chave cai no chão. Lágrimas. Zumbi na frente do 103. Pego a chave. Respiro fundo. Abro a porta. Ninguém em casa. Depois da morte da mamãe, o apartamento é vazio e sem vida.

Banho. Mente em transe. Eu matei alguém. Não me livrei do corpo. A chave de fenda, eu esqueci lá mesmo. Mas ele sempre me maltratou. Posso declarar legítima defesa. O mundo não é justo. O pai do ogro é rico. Vou pra cadeia.

Não consigo dormir. PC. Hitman. Engraçado como é fácil fazer o que fiz no jogo. Sem remorso, uma tecla, tudo volta ao normal. Minha tecla era o Luke, mas ele foi pra longe e eu preciso dar um reset no jogo.

Segundo dia de aula. Ritual matinal. Dente. Cabelo. Roupa. Uma curiosidade mórbida puxa meu corpo até o beco do crime. É caminho da escola mesmo. Chego lá. NADA. Sem sangue. Sem chave de fenda. Sem blusa ensangüentada. Sem ogro morto. “Você fez uma coisa muito feia gordinho”. “Ele tem posses, se alguém descobre, você apodrece na cadeia”. Eu mantenho um silêncio anônimo como se fosse uma forma de resolver a situação.

Estava em cheque. A mendiga controla minha vida agora. Ela sabe o que fiz. Tão anônima quanto eu, tão onipresente quanto um detetive. Uma chave do presídio. Uma cara.

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